A Escola é berço para as relações. Essa frase, citada em um de meus artigos científicos e no livro sobre a Implantação do Novo Ensino Médio, traduz a riqueza de oportunidades e de sinapses conferidas a esse território, que é templo para a construção de uma sociedade.Ao iniciar a jornada do Ensino Fundamental, nos deparamos com uma imensidão de cores, poesias, imaginações e fantasias de um mundo onde tudo pode acontecer: a infância.
Traduzida por conceitos importantes e necessários à esta fase da vida, prefiro retratá-la com minhas próprias memórias : tempo para brincar, descobrir coisas, expressões, e comportamentos, reconhecer- se sujeito, pertencer, imaginar histórias, narrativas e novos personagens, encantar- se com os números, palavras, textos e diálogos e fazer amigos.É oportuno considerarmos que o período da infância deve ser surpreendido com vivências significativas e complementares ao que a criança necessita, para a geração de maior autonomia, independência e para que gradativamente vá expandindo a sua criatividade e criticidade em relação aos novos conhecimentos e as diversas relações que à ela são apresentadas.
É nesse ponto que, ao declaramos a necessidade das crianças, percebemos que o afeto e as aproximações com o conhecimento, precisam de uma mediação amorosa. Que me desculpem os escritores da academia, mas, educar uma criança, requer técnica, muito conhecimento e amorosidade. “Só quem enxerga poesia no olhar de uma criança, é capaz de compreendê-la, só quem consegue observá-la em uma brincadeira com os amiguinhos terá condições de oferecer experiências que serão acolhidas pelos processos tão rápidos de aprendizagem.
Não se trabalha no Fundamental I, correndo contra o tempo em busca da aceleração das compreensões científicas. Para esta fase, a vivência é a “metodologia” mais congruente a necessidade da criança em sentir, emocionar-se pelas descobertas, e partilhar suas hipóteses e criações com outras crianças.Para além das sequências didáticas, e das métricas que podem conferir direitos de aprendizagem, é preciso recorrer as relações humanas, aos princípios, valores, e responsabilidades em alicerçar infâncias felizes.
O corpo pede movimento e criação; calistenia, por favor, não!
Há poesia em sua fala, em seus olhares percorrendo a aprovação da professora;
A descoberta dos números, das palavras, do próprio nome, lhe confere a possibilidade de ser e estar em uma sociedade;
As reações que ainda não estão intoxicadas por padronizações, lhes trazem expressões e sentimentos verdadeiros, mesmo que precisemos recorrer a diálogos para a uma futura regulação das emoções e ansiedades;
A Escola é berço: as relações precisam acontecer de forma espontânea e mediada por respeito aos tempos, processos, culturas e expressões que só serão libertados em um espaço que ofereça acolhimento, segurança e paz.